De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a pandemia do Covid-19 não acabará em 2021 – embora seja possível minimizar seus impactos em contágios, hospitalizações e mortes por meio da vacinação. No entanto, os impactos sociais e econômicos vão continuar, mesmo quando a pandemia acabar. Dito isso, é importante discutirmos sobre esses efeitos no Brasil pós-pandemia, a fim de mitigar essas problemáticas socioeconômicas.
Nesse cenário, há uma parcela da população que sofre ainda mais com tais efeitos negativos: aqueles que vivem em maior situação de vulnerabilidade social, em especial as crianças e adolescentes.
Em dezembro de 2020, o UNICEF lançou um comunicado que fala especialmente sobre a situação das crianças e adolescentes. Dentre os efeitos negativos que essa parcela da população vem sofrendo, a agência da ONU destacou que houve uma diminuição da renda das famílias em situação de vulnerabilidade, mais situaçãos de fome ou insegurança alimentar e menos acesso dos estudantes às atividades escolares.
Com a segunda onda da Covid-19 em 2021, mais forte do que a primeira, a situação se tornou ainda mais complicada e crítica no Brasil, estendendo ainda mais os efeitos que já eram graves.
A agência da ONU também publicou, no final de 2020, uma pesquisa intitulada “Impactos Primários e Secundários da Covid-19 em Crianças e Adolescentes”, que demonstra os efeitos negativos que essa parcela da população já encara e pode encarar ainda mais com o avanço da pandemia ao longo do ano de 2021. Saiba mais sobre alguns pontos da pesquisa:
Cerca de 55% dos entrevistados tiveram o rendimento familiar reduzido desde o início da pandemia. Essa porcentagem representa, de acordo com as estimativas, 86 milhões de brasileiros. Em famílias com crianças e adolescentes, a porcentagem é ainda maior: 61%.
Entre as pessoas que residem com crianças ou adolescentes e tiveram diminuição da renda, 64% informaram que o motivo foi a redução do salário de alguém da família.
A pesquisa ainda traz dados sobre aqueles que têm renda de até um salário mínimo. Destes, 69% tiveram cortes em seus ganhos e 15% perderam toda a fonte de renda.
Os dados mostram que a pobreza se tornou ainda mais comum em famílias com crianças e adolescentes, aumentando a situação de vulnerabilidade.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) e o UNICEF alertaram para outro problema ocasionado pela pandemia, com impactos a longo prazo: o trabalho infantil.
Antes da pandemia, aproximadamente 152 milhões de crianças trabalhavam ao redor do mundo, representando um enorme desafio mundial. Agora, com a perda de renda e emprego, bem como o fechamento das escolas, esse número pode ser ainda maior.
A estimativa é que, a cada 1 ponto percentual de aumento da pobreza, o trabalho infantil cresça 0,7 pontos percentuais.
No Brasil, em 2016, os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), , mostraram que o país tinha 2,4 milhões de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos trabalhando.
O perfil econômico de 49,83% das famílias que registraram crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil era de rendimento mensal per capita menor do que meio salário mínimo. Ou seja: com a diminuição da renda de diversas famílias por conta da pandemia, a situação se agrava.
A longo prazo, os efeitos do trabalho infantil são diversos. Saiba mais no artigo “Compaixão: como você pode ajudar a combater o trabalho infantil e as suas consequências”.
A pesquisa do UNICEF ainda alertou para a questão da fome e insegurança alimentar. Os dados mostraram que, de julho a novembro de 2020, o percentual de pessoas que deixaram de comer por falta de dinheiro passou de 6% para 13% – e os percentuais são ainda piores entre as classes D e E, chegando a 30%.
Quanto às famílias com crianças e adolescentes, 8% deixaram de comer pela falta de dinheiro. Entre as famílias de classe D e E, a proporção chegou a 21%.
Outro ponto muito crítico ocasionado pela pandemia é a falta da merenda escolar, devido ao fechamento das escolas. Nesse sentido, 42% das famílias deixaram de ter acesso a essa refeição fundamental, que muitas vezes para garantia a segurança alimentar das crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social.
No artigo “Insegurança alimentar: fome volta a crescer no Brasil e prejudicar as nossas crianças” elucidamos alguns desses pontos.
A longo prazo, a insegurança alimentar pode deixar muitas sequelas, já que a ausência de comida pode mudar todo o metabolismo da criança e influenciar o funcionamento e tamanho dos órgãos. Mas não só isso: pode ainda levar à morte, pois a carência de nutrientes no organismo o deixa mais suscetível a diversas doenças.
A Organização Internacional do Trabalho alertou para os efeitos a longo prazo da “geração lockdown”, que incluem interrupção dos estudos e treinamentos, além de desemprego e, consequentemente, perda de renda.
De acordo com a OIT, os jovens são um grupo que enfrenta maior vulnerabilidade no mercado de trabalho, sendo que 77% deles em todo o mundo atua no mercado informal, com menores salários e menores condições.
A Organização ainda informou que 1 em cada 6 trabalhador jovem já deixou de trabalhar desde o início da pandemia.
Uma pesquisa da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) previu um aumento de desigualdade de renda na ordem de 3% ou mais na Argentina, Brasil, Equador, México e Uruguai.
No Brasil, conforme apontado pelo relatório, a proporção da população em extrema pobreza era de 5,4% em 2019. Em 2020, em um cenário de impactos baixos, a projeção do estudo seria de um aumento para 6,89%. Em um cenário médio, 7,5% e, em um cenário alto, 7,9%.
Ao falar sobre a população em situação de pobreza, em 2019 o relatório apontou a porcentagem de 19,5%. Para 2020, a projeção baixa foi de 23%, a projeção média de 24,3% e a alta de 25,4%.
O aumento da pobreza e extrema pobreza no país foi apontado em todos os cenários, superando o ano de 2019.
Além disso, de acordo com o chefe do Banco Mundial, David Malpass, a pandemia pode empurrar 60 milhões de pessoas para a extrema pobreza ao redor do mundo, colocando a perder os avanços obtidos nos últimos três anos. “Nossas previsões indicam uma profunda recessão”, disse Malpass.
Ou seja: ainda vamos demorar para recuperar os esforços e avanços que vinham sendo feitos antes da pandemia, sendo o aumento da pobreza e da desigualdade um dos principais e mais duradouros impactos da crise social ocasionada pelo coronavírus.
Para a mitigar esses efeitos negativos, tanto agora quanto a longo prazo, a sociedade pode ajudar por meio do apoio a ONGs que atuam diretamente com as crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade.
O ChildFund Brasil, por exemplo, tem essa atuação centrada no desenvolvimento da vida dessas crianças e jovens em vários aspectos, auxiliando também suas famílias e comunidades por meio de uma série de ações. Você pode saber mais no artigo “Cultivando futuros melhores: como os projetos do ChildFund Brasil ajudam no desenvolvimento das crianças”.
Você também pode ler, nesse artigo, tudo o que estamos fazendo para conter os efeitos da pandemia nas comunidades que atendemos.
O seu apoio consiste no apadrinhamento de uma criança por um valor mensal que é, posteriormente, destinado a um fundo coletivo que financia diretamente a realização de projetos sociais e atividades das quais a criança e sua família participam. Por meio do apadrinhamento, é possível participar das vidas dos assistidos ativamente, por meio de cartas, telefonemas e até mesmo visitas supervisionadas.
São realizados investimentos em ações duradouras e de longo prazo, nas mais diversas áreas: educação financeira, água potável, empreendedorismo, cultura, proteção infantil, preparação para o mercado de trabalho, geração de renda e subsistência (horta familiar e avicultura), segurança alimentar, dentre outros.
Saiba como apadrinhar uma criança e mudar futuros aqui.
O ChildFund Brasil é uma organização de desenvolvimento social que por meio de uma sólida experiência na elaboração e no monitoramento de programas e projetos sociais mobiliza pessoas para a transformação de vidas. Crianças, adolescentes, jovens, famílias e comunidades em situação de risco social são apoiadas para que possam exercer com plenitude o direito à cidadania.