As vantagens das aulas presenciais para crianças e adolescentes

Com o retorno das aulas presenciais, muitas dúvidas surgiram entre as pessoas. Será que é seguro? Será que é o melhor para as crianças? Embora o isolamento social tenha sido regra durante boa parte da pandemia, com o avanço da vacinação entre as crianças, o retorno às escolas passou a ser fortemente recomendado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

Segundo os especialistas da SBP, o fechamento prolongado das escolas resultou em “imenso prejuízo para os estudantes e suas famílias”. Ao mesmo tempo, a entidade médica também salientou a necessidade de planejamento e estratégias para garantir a segurança no ambiente escolar.

Uma das estratégias é, sem dúvidas, a vacinação. Em 8 de março, cerca de 49% das crianças tomaram a 1ª dose – mas ainda é preciso que a porcentagem aumente ainda mais. No entanto, de acordo com as recomendações da comunidade médica, os impactos negativos do ensino remoto são ainda maiores do que os riscos do coronavírus no público infantil.

O que diz a ciência sobre o coronavírus em crianças?

De uma forma geral, podemos dizer que em 2020 e 2021 ainda havia uma motivação para o fechamento das escolas – pouco se sabia sobre o papel das crianças e adolescentes na cadeia de infecção e transmissão da doença; essa medida também foi uma forma de protegê-los contra o vírus. Com o aprimoramento do trabalho de cientistas, as pesquisas foram mostrando que as crianças menores de 12 anos são menos propensas a contrair Covid-19, além de transmitirem bem menos.

Além disso, a revista Science também constatou que, “quando medidas de mitigação adequadas são feitas, a transmissão nas escolas é geralmente semelhante ou inferior à transmissão comunitária. Portanto, embora a pausa nas aulas presenciais possa contribuir para reduzir a transmissão, por si só, seria inadequado na prevenção da transmissão comunitária e, consequentemente, os benefícios da educação presencial superam os riscos, especialmente em países onde os adultos são totalmente vacinados contra a COVID-19”.

Outros estudos também constataram a importância da vacinação entre adultos na segurança das crianças. Os pesquisadores descobriram que as crianças que viviam em uma casa com uma única pessoa vacinada tinham um risco 26% menor de pegar Covid-19 no início de 2021. Se a criança morasse em uma casa onde dois dos responsáveis fossem vacinados, ela teria um risco significativamente reduzido de pegar Covid-19.

Benefícios das aulas presenciais

Nos parágrafos acima, trouxemos dados que argumentam a favor da decisão da Sociedade Brasileira de Pediatria e outras entidades na recomendação de volta às aulas presenciais – afinal, não frequentar a escola gera uma série de malefícios para a saúde física e mental da criança, sendo esse ambiente um direito básico para a sua formação como indivíduo e que lhe oferece diversos benefícios.

Abaixo, vamos listar alguns deles.

Merenda escolar: sem aulas, muitas crianças também deixaram de se alimentar por meio da merenda escolar. De acordo com o Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE), mais de 41 milhões de estudantes são beneficiados pela merenda.

Desse total, há uma parcela que depende dessa alimentação como principal refeição do dia. Não há dados precisos, mas há uma estimativa de aproximadamente 14 milhões de alunos que podem depender dessa refeição.

Com o retorno às escolas, essas crianças voltam a contar com essa refeição tão importante.

Diminuição da desigualdade de ensino durante as aulas remotas: com o ensino transferido para o online, crianças em situação de vulnerabilidade social foram severamente afetadas, já que o acesso à internet não é algo presente em todos os lares brasileiros – cerca de 30% da população ainda não tem acesso à Internet no Brasil. Dos que têm acesso, 97% o fazem pelo celular – utilização restrita e que não oferece as mesmas possibilidades de ensino de um computador.

Ainda de acordo com a UNICEF, são mais de 4,8 milhões de crianças sem acesso à Internet. E a exclusão é ainda maior nas áreas rurais, de acordo com a pesquisa TIC Kids Online Brasil.

Com isso, as crianças que vivem em localidades sem acesso à internet ou com dificuldades de acesso foram severamente prejudicadas. Com o retorno presencial, todos passam a ter acesso igualitário às aulas.

Vida mais ativa e maior saúde mental: ficando em casa, as crianças deixaram de realizar práticas esportivas, ter acesso ao lazer e socializar com outras crianças – algo presente nas escolas. Todas essas atividades são essenciais para o pleno desenvolvimento da faixa etária, além de muito importantes para garantir uma infância feliz.

Um dos efeitos indiretos dessa vida menos ativa, de acordo com a FIOCRUZ, é o aumento de  problemas como sedentarismo e obesidade, bem como um distanciamento de atividades que promovem bem-estar físico e mental às crianças e adolescentes.

Além disso, a socialização é de extrema importância durante a infância, pois auxilia no desenvolvimento cognitivo e  social, além de contribuir com a saúde mental das crianças.

E por falar em saúde mental, a pandemia e o isolamento social também contribuíram com o aumento de ansiedade e depressão nas crianças. Durante o período, uma em cada quatro crianças e adolescentes apresentou sintomas desses transtornos.

Leia mais em “Ansiedade infantil: a importância da saúde mental na infância”.

Menos tempo de tela: fora das escolas, para as crianças com acesso à Internet e celulares, houve um exagero no uso de telas, o que pode acarretar em efeitos negativos. Assim como a falta de vida social e exercícios físicos afetam a saúde mental, o uso abusivo de telas também. Para as crianças, o uso excessivo ainda compromete o pleno desenvolvimento das capacidades cognitivas.

Retornando às escolas, elas passam menos tempo em celulares e computadores, tendo um contato frente a frente com os colegas de sala e professores, desenvolvendo as habilidades que devem ser estimuladas no período.

Mais proteção: uma das consequências de menos tempo de tela está a diminuição de problemáticas decorrentes de quando as crianças passam mais tempo expostas à conteúdos online, como cyberbullying, exploração sexual, exposição a conteúdos inapropriados, publicação de informações privadas, dentre outros. Mais tempo fora de casa, na escola, significa menos tempo expostas a esses perigos. Além disso, a escola pode desempenhar um papel importante na proteção das crianças, identificando e denunciando casos de violência contra as crianças.

Evasão escolar: segundo pesquisa Datafolha, 4 milhões de estudantes brasileiros, com idades entre 6 e 34 anos, abandonaram os estudos no ano passado. Com isso, a taxa de evasão escolar chegou a 8,4% em 2020. A questão foi percebida principalmente em classes de baixa renda.

ChildFund Brasil

Além do retorno das aulas, as organizações parceiras do ChildFund Brasil também estão retomando aos poucos as atividades presenciais, obedecendo às normas sanitárias, como uso de álcool gel e máscara.

Os projetos desenvolvidos em parceria com as organizações e a comunidade ajudam as crianças e suas famílias, em diferentes frentes. Você pode conhecer mais sobre o trabalho do ChildFund Brasil e como o apadrinhamento pode mudar vidas por meio deste link. Saiba mais e faça parte desse gesto!

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ChildFund Brasil

O ChildFund Brasil é uma organização de desenvolvimento social que por meio de uma sólida experiência na elaboração e no monitoramento de programas e projetos sociais mobiliza pessoas para a transformação de vidas. Crianças, adolescentes, jovens, famílias e comunidades em situação de risco social são apoiadas para que possam exercer com plenitude o direito à cidadania.

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