Os projetos sociais sempre ocuparam um importante papel na sociedade civil. Tratam-se de trabalhos desenvolvidos sem fins lucrativos com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento social, econômico e cultural de uma determinada comunidade ou grupo de pessoas. O desenvolvimento infantil na pandemia foi severamente afetado e os projetos têm sido fundamentais por darem um outro olhar para o futuro de crianças e adolescentes.
Todos sabemos que além dos impactos na saúde, a pandemia deixou prejuízos socioeconômicos de longo prazo para toda a sociedade. A extrema pobreza teve seus índices aumentados em toda a América Latina, incluindo o Brasil, segundo relatório do Panorama Social da América Latina 2020.
A situação é ainda mais crítica para crianças e adolescentes. Segundo a UNICEF a renda das família mais pobre caiu e, por outro lado a fome ou a insegurança alimentar aumentaram ao longo da pandemia.
Diante deste cenário, os projetos sociais se tornam respostas para o enfretamento a esses desafios, principalmente para as famílias que foram mais afetadas.
Embora a crise sanitária esteja diretamente relacionada com a saúde pública, suas consequências diretas e indiretas atingem a sociedade como um todo. No Brasil, os impactos para a população que vive em situação de vulnerabilidade são imensos, conforme mostra o Relatório de Sustentatibilidade do ChildFund Brasil.
Segundo o relatório, além de agravar as desigualdades, a pandemia escancara os problemas vividos pelas pessoas em situação de extrema pobreza que já sofrem com a falta de saneamento, com a fragilização na saúde e na educação. Além disso, com a crise sanitária, essas famílias perderam o direito básico à alimentação e segurança.
Segundo o IBGE, o índice de desemprego no trimestre de fevereiro a abril de 2021 foi de 14,7%, o maior desde o início da série histórica do instituto, em 2012. Comparado ao do trimestre anterior (de novembro a janeiro), o número de pessoas sem emprego teve aumento de 3,4%
Com isso, a situação que já era bastante desafiadora, fica ainda mais complicada para que as famílias consigam se manter.
Para conter a disseminação do vírus da Covid-19, o mundo adotou a política de distanciamento social, conforme recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde). Embora necessárias, as medidas de restrições trouxeram alguns efeitos colaterais, como mostra a terceira rodada da pesquisa Impactos Primários e Secundários da Covid-19 em Crianças e Adolescentes do UNICEF.
O fechamento das escolas, bem como a queda no rendimento do brasileiro, impactaram de forma negativa o desenvolvimento infantil na pandemia, conforme apontam os dados do estudo.
Ao menos 56% dos brasileiros declaram que o rendimento de seus domicílios diminuiram desde o início da pandemia, o que corresponde a 89 milhões de brasileiros. Entre aqueles que residem com crianças ou adolescentes a porcentagem foi maior: 64% afirmaram que a renda caiu.
Entre a população em situação de pobreza os dados são ainda mais alarmantes. Segundo o levantamento, entre novembro de 2020 e maio de 2021, aumentou de 69% para 80% o percentual de famílias com até um salário mínimo que afirmaram ter diminuído a renda desde o início da pandemia.
Com isso, a desigualdade social no Brasil traz impactos ainda mais preocupantes para as famílias em situação de pobreza e para as crianças e adolescentes que são parte delas.
Segundo Florence Bauer, representante da UNICEF no Brasil, a situação de vulnerabilidade prolongada pode trazer consequências irreversíveis para as crianças e adolescentes.
A insegurança alimentar tem sido um problema desde o início da pandemia, conforme mostra o estudo feito pelo Ipec (Inteligência de Pesquisa e Consultoria) para o UNICEF, dentre os fatores está o fechamento das escolas, uma vez que muitas famílias dependem da merenda escolar.
De acordo com a pesquisa, 48% das famílias com crianças e adolescentes não tiveram acesso à merenda escolar no período em que as aulas estiveram suspensas.
Os dados ainda apontam que desde a chegada do vírus no Brasil até maio deste ano, cerca de 27 milhões (17%) de brasileiros deixaram de comer em algum momento por não possuírem dinheiro para comprar comida. O impacto foi ainda maior em famílias de classe D e E, 33%.
Este cenário afeta diretamente a infância e adolescência, uma vez que 13% dos entrevistados que moram com pessoas menores de 18 anos afirmaram que crianças e adolescentes do domicílio deixaram de comer por falta de dinheiro para comprar alimento.
Os prejuízos herdados dessa crise sanitária têm refletido no desenvolvimento infantil na pandemia. Segundo a edição Cenário na Infância e Adolescência no Brasil 2021, da Fundação Abrinq, 45,4% das crianças de 0 a 14 anos vivem em situação de pobreza, ou seja, nem todos os direitos como alimentação, educação, saneamento básico, água potável e condições mínimas de moradia são assegurados. Para saber mais sobre a situação de pobreza leia este artigo.
Diante deste cenário, os projetos sociais desenvolvidos por ONG’s e entidades do terceiro setor contribuem para a diminuição dos impactos negativos na infância e adolescência desses brasileiros.
A ação “Nem vírus, nem fome: compaixão” desenvolvida pelo ChildFund Brasil, que teve como objetivo auxiliar milhares de famílias brasileiras com a doação de kits de alimentos e higiene, é um exemplo do papel das ONGs durante a pandemia.
Além de auxiliar as famílias, a ação também fortaleceu o comércio local com a aquisição dos kits, podendo, desta forma, contribuir com a movimentação da economia onde se concentra maior situação de vulnerabilidade social.
A ação já doou mais de 129 mil kits e com sua participação é possível garantir que mais famílias sejam beneficiadas com comida e higiene pessoal.
O desenvolvimento infantil na pandemia está totalmente interligado à rotina do dia a dia de toda criança e adolescente. Com o cenário pandêmico, a convivência familiar aumentou e consequentemente o crescimento dos casos de violência doméstica, como mostra o Relatório de Sustentabilidade do ChildFund Brasil.
Desde o início da pandemia houve um aumento de denúncias e de casos de violência, especialmente em ambientes domésticos. Segundo dados do Ministério da Mulher, Família e direitos Humanos, o volume de denúncias de violência sexual contras crianças aumentou 85% somente em março de 2020, conforme aponta o relatório.
Por isso, o ChildFund distribuiu, para mais de 30 mil famílias, materais com orientações para a criação de um ambiente mais harmônico e protegido para as crianças e adolescentes.
Neste contexto, o ChildFund Brasil também realizou lives e webinars educativos com os temas prevenção ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes, trabalho infantil, maus tratos, entre outros temas.
Além disso, formulamos um relatório de impacto da Covid-19 na vida das crianças e adolescentes baseados nos direitos fundamentais do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). São eles:
O relatório traz informações que reforçam os impactos da pandemia na vida de crianças e adolescentes – principalmente os que vivem em situação de pobreza.
Neste período da pandemia da Covid-19 outrs projetos sociais contribuíram para o desenvolvimento das crianças e adolescentes como os encontros e projetos direcionados aos jovens por meio do REJUDES.
A Rede de Juventudes em Defesa dos seus Direitos Sociais é uma rede nacional que foi criada pelas juventudes do ChildFund Brasil. O objetivo é mobilizar jovens a se tornarem protagonistas das suas próprias histórias. O trabalho do REJUDES é ancorado nos pilares:
– Desenvolvimento Pessoal
– Desenvilvimento Social
– Desenvolvimento Político
O ChildFund Brasil também possibilitou cursos e momentos de cuidado para os profissionais que lidam direto com as crianças e adolescentes. Além disso, as metodologias sociais foram adaptadas para o modelo remoto, já que a pandemia restringiu o contato pessoal.
As ações de apadrinhamento continuam sendo essenciais para o desenvolvimento infantil na pandemia. Se tornando padrinho ou madrinha de uma criança, você contribui para um fundo coletivo que financia a realização dos projetos citados acima e tantos outros, além de atividades que envolvam as crianças, adolescentes e seus familiares.
É possível acompanhar o trabalho desenvolvido com a criança apadrinhada por meio de cartas, telefonemas e visitas supervisionadas. Além disso, os padrinhos e madrinhas recebem boletins, e-mails e WhatsApp periodicamente com informações sobre como a sua contribuição é aplicada. Um relatório anual também é disponibilizado.
Além de contribuir para que a criança alcance seu potencial, o apadrinhamento também oferece melhores condições para todo o ambiente em que ela está inserida.
Quer conhecer mais dos nossos projetos? Então veja este artigo.
O ChildFund Brasil é uma organização de desenvolvimento social que por meio de uma sólida experiência na elaboração e no monitoramento de programas e projetos sociais mobiliza pessoas para a transformação de vidas. Crianças, adolescentes, jovens, famílias e comunidades em situação de risco social são apoiadas para que possam exercer com plenitude o direito à cidadania.