Pesquisa revela sonhos, esperanças e preocupações de crianças de diversas nações

O ChildFund Brasil divulga pioneiramente, no Brasil, uma pesquisa sobre preocupações, sonhos e esperança de crianças de várias partes do mundo.

Cerca de 5 mil crianças de 10 a 12 anos participaram da pesquisa “Pequenas Vozes, Grandes Sonhos” realizada pelo ChildFund na África, Ásia, Américas e Europa, em países desenvolvidos economicamente e em desenvolvimento. O resultado mostra que as crianças dos países em desenvolvimento dão alta prioridade à educação. Duas entre cinco crianças pretendem atuar como professores ou médicos. Nos países desenvolvidos a situação é bem diferente. As crianças sonham em ser atletas profissionais ou artistas.

Essa é a segunda pesquisa global anual “Pequenas Vozes, Grandes Sonhos” encomendada pelo ChildFund à Ipsos Observer. O levantamento fornece informações importantes sobre o ponto de vista de algumas das crianças mais vulneráveis e negligenciadas do mundo.

Em 44 países, do Afeganistão à Nicarágua e até a Zâmbia, a pesquisa revelou que existem crianças muito otimistas sobre o seu futuro e preocupadas com criminalidade, doenças, fome e violência.

Quando indagadas sobre qual seria a sua principal prioridade para ajudar a melhorar as vidas das crianças, caso fossem presidentes do seu país, metade (49,3%) de todas as crianças dos países em desenvolvimento dizem que elas melhorariam as escolas. A resposta foi quatro vezes maior do que “prover mais alimento”, que ficou em segundo lugar (10,5 %), seguida de “melhorar a assistência médica” (8,9 %).

Se as crianças pudessem ser qualquer coisa que elas quisessem, quando crescerem, quase uma em duas crianças optou por uma carreira que exige formação acadêmica. Das crianças dos países em desenvolvimento, 22,5% revelam que querem ser professores, 20,2% estão interessadas em se tornar médicos e 6% querem seguir carreiras profissionais, como advogados e veterinários. Por outro lado, o levantamento feito com crianças em nações desenvolvidas aponta que apenas 9,4% e 4,5% pretendem ser professores e médicos, respectivamente. As principais respostas entre as crianças dos países desenvolvidos são: atleta profissional (20,1%) e artista (21,1%), incluída nesta última, cantor, ator e estilista.

“A pesquisa “Pequenas Vozes, Grandes Sonhos” é um poderoso instrumento para identificar expectativas e anseios das crianças em relação aos assuntos pertinentes ao futuro delas. Além disso, as respostas oferecem indicadores importantes relacionados com direitos básicos, como educação, proteção e saúde. Ouvir a “voz da criança” é fundamental para promover uma atuação estratégica e focada no desenvolvimento das ações de apoio a elas”, comenta Gerson Pacheco, diretor nacional do ChildFund Brasil.

Sobre questões ligadas à segurança, 83,4% das crianças disseram que se sentem mais seguras em suas casas ou com seus pais ou família. Quando foram consultadas sobre o que fariam, como presidentes, para aumentar a proteção das crianças, 43,1% disseram que melhorariam a segurança e a defesa do seu país. Enfatizaram que fariam um trabalho melhor, no que se refere a enviar para a cadeia e processar criminosos, além de aumentar a força policial. Outros 24,5% disseram que melhorariam o apoio e a conscientização sobre questões ligadas ao abuso de crianças, enquanto que um número similar (23,6%), disseram que aprovariam novas leis para melhorar a proteção das crianças.

Em relação à saúde, as crianças demonstraram preocupação em contraírem doenças. Essa condição foi citada por 22,9% dos entrevistados nos países em desenvolvimento. Outras crianças (14,4%) estão preocupadas com a pobreza e a fome e quase o mesmo percentual (14%) manifestaram preocupação com guerra, terror e violência.

No Brasil

As crianças do Brasil foram representadas por 144 participantes, entre 10 e 12 anos de idade, dos estados de Minas Gerais e Ceará. As crianças mineiras são residentes na região do Vale do Jequitinhonha e em comunidades urbanas localizadas em Belo Horizonte. Já a participação das crianças do Ceará ocorreu em diversos municípios do estado como: Crato, Itapiúna, Campos Sales, Itapipoca, Ibaretama e Limoeiro do Norte.

Dentre os participantes, 41% são meninos e 59%, meninas. Sobre a expectativa das crianças em relação à escolha da profissão, 26% desejam se tornar médicos ou veterinários e 18% aspiram ao professorado. Jogar futebol é o sonho de 17% das crianças. Outros 12% pretendem exercer a carreira militar, e apenas 6% preferem a vida artística, como cantores, modelos, atores. Outros 21% pretendem atuar no mercado de trabalho como motoristas, mecânicos e marceneiros.

Ao serem questionadas sobre o que consideram mais importante para se sentirem seguras e com saúde, a família se destaca com 29% das respostas e, em segundo lugar, a alimentação com 23% das respostas. Saúde (19%) e religião (4%) também aparecem como aspectos considerados importantes pelas crianças.

Quando foram questionadas com a pergunta “Se você fosse presidente do seu país, o que você faria para melhorar as vidas das crianças?”, 33% demonstraram uma preocupação significativa com a educação. A alimentação e a saúde também apresentam um percentual importante: 22%. Reduzir a violência e proteger as crianças é um desejo revelado por 15% delas. O lazer é uma variável considerada também por 15% das crianças. Com 6% de respostas, a empregabilidade da família foi outro aspecto indicado na pesquisa.

De acordo com o jovem Sharles, de 12 anos, morador da cidade de Diamantina (MG) que participou da pesquisa por fazer parte de um projeto social do ChildFund Brasil, se um dia fosse presidente do Brasil, construiria um local onde as crianças pudessem brincar e estudar. Sharles, que um dia sonha em ser professor de matemática, disse que o lugar onde ele se sente mais seguro é na escola.

Já Ana Esther, de 11 anos, moradora da Vila Ventosa, em Belo Horizonte (MG), quer ser advogada. Ela também defende uma educação melhor para as crianças menos favorecidas e sonha com um país mais justo.

De acordo com a pesquisa, o local onde as crianças se sentem mais seguras é a própria casa (88%). A escola aparece em segundo lugar, com 9%, e a igreja representa 2%.

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