O Brasil é um país que teve conquistas sociais importantes nos últimos 20 anos. Entretanto, quando falamos sobre saneamento básico, a realidade nos mostra que estamos longe do ideal. É preciso mais esforço por parte dos governos para que toda a população seja abrangida pelo tratamento.
Qual é a situação do saneamento no Brasil? Descubra no texto abaixo!
O saneamento básico no Brasil tem suas diretrizes estabelecidas na Lei nº 11.445/07. De acordo com ela, saneamento básico é o conjunto de infraestruturas, serviços e instalações operacionais de abastecimento de água potável, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, esgotamento sanitário, limpeza e fiscalização preventiva das respectivas redes urbanas, drenagem e manejo das águas pluviais.
A importância do saneamento ultrapassa a questão social, já que impacta a saúde pública, o meio ambiente e a economia do país. Por ser uma estrutura que traz benefícios amplos para a população, deveria possuir mais investimento, mas não é o que se vê.
O último estudo sobre o setor foi realizado pelo Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) e divulgado em janeiro de 2017, com dados referentes a 2015. As informações sobre o abastecimento de água e esgoto são alarmantes.
Em 2007, 80,9% da população tinha abastecimento de água potável (fornecimento hídrico encanado). Em 2015, houve um aumento de apenas 2,4 pontos percentuais, atingindo 83,3%. Essa evolução lenta pode ser explicada pela falta de investimento no setor.
Neste ponto, é preciso diferenciar o acesso à água potável e ao fornecimento hídrico encanado. O acesso inclui também cisternas, rios e açudes, enquanto os dados apresentados dizem respeito à água encanada que chega às residências.
Metade da população brasileira tem acesso à coleta de esgoto (50,3%), o que significa dizer que mais de 100 milhões de pessoas lidam de maneira alternativa com os despejos (fossas e descarte direto nos rios). Apesar de o índice ter sido menor em 2007 (42%), o crescimento de 8,3 pontos percentuais é bastante lento, correspondendo a menos de um ponto percentual por ano. O tratamento de esgoto evoluiu um pouco mais: passou de 32,5%, em 2007, para 42,7%, em 2015.
No início deste ano, o Instituto Trata Brasil publicou o “Ranking do Saneamento das 100 maiores cidades”, com base nos dados do SNIS de 2015. Além de mostrar a evolução dos indicadores de água e esgoto, o ranking abrange também os investimentos e perdas de água nas maiores cidades (com foco nas capitais) e as doenças de veiculação hídrica.
As três capitais em melhor colocação são Curitiba (11ª), São Paulo (20ª) e Porto Alegre (24ª). As 10 cidades com melhores índices estão demonstradas abaixo:
Índice de atendimento total de esgoto (%) | Índice de atendimento total de água (%) | Índice de esgoto tratado (%) | |
Franca (SP) | 99,96 | 99,96 | 98 |
Uberlândia (MG) | 97,23 | 100 | 81,20 |
São José dos Campos (SP) | 96,12 | 99,96 | 94 |
Santos (SP) | 99,88 | 100 | 97,60 |
Maringá (PR) | 100 | 99,98 | 96,30 |
Limeira (SP) | 97,02 | 97,02 | 100 |
Ponta Grossa (PR) | 100 | 99,98 | 85,92 |
Londrina (PR) | 100 | 99,98 | 88,53 |
Cascavel (PR) | 93,26 | 99,98 | 89,57 |
Vitória da Conquista (BA) | 80,73 | 100 | 82,48 |
Por outro lado, o índice das 10 piores cidades são assustadores, com três capitais entre elas (Manaus, Macapá e Porto Velho):
Índice de atendimento total de esgoto (%) | Índice de atendimento total de água (%) | Índice de esgoto tratado (%) | |
Duque de Caxias (RJ) | 44,14 | 86,24 | 7,08 |
Nova Iguaçu (RJ) | 45,05 | 93,60 | 0,06 |
Várzea Grande (MT) | 27,30 | 96,97 | 23,54 |
Gravataí (RS) | 25,55 | 82,21 | 15,82 |
Manaus (AM) | 10,40 | 85,42 | 29,92 |
Macapá (AP) | 5,44 | 36,39 | 18,01 |
Porto Velho (RO) | 3,71 | 33,96 | 0 |
Santarém (PA) | Sem informação (0) | 48 | SI |
Jaboatão dos Guararapes (PE) | 6,66 | 74,05 | 6,24 |
Ananindeua (PA) | 2,09 | 28,81 | 8,75 |
Unindo esses dados com as informações sobre as doenças de veiculação hídrica, vemos que o total de internações por diarreia, dengue e leptospirose é 4 vezes maior nas piores cidades. É a comprovação de que a saúde pública tem relação direta com medidas preventivas, como um saneamento básico eficiente e universal.
Os dados regionais relacionados ao esgotamento sanitário são mais um retrato da desigualdade social no Brasil. A região Norte está em pior situação: possui apenas 16,42% de esgoto tratado, sendo o índice de atendimento total de 8,66%.
No Nordeste, somente 32,11% do esgoto é tratado. Na região Sul, 41,43% do esgoto é tratado e o índice de atendimento total é de 41,02%.
A região Sudeste tem 47,39% do esgoto tratado e 77,23% de índice de atendimento total. O Centro-Oeste é a região com melhor desempenho e possui 50,22% do esgoto é tratado.
Os esforços do governo (municipal, estadual e federal) em melhorar a situação do saneamento básico do Brasil resultaram no PLANSAB (Plano Nacional de Saneamento Básico), em 2014. O plano é um conjunto de metas e objetivos, que inclui alguns dos Objetivos do Milênio (ONU), como a redução da proporção de habitantes sem acesso a saneamento básico e água, a melhora das condições de vida de pessoas que vivem em bairros degradados e a universalização das estruturas de saneamento básico em todo o país.
Porém, esse desafio não é fácil de superar: estima-se que, com o investimento inicial previsto (R$ 508 bilhões), o Brasil conseguirá universalizar o atendimento de água em 2043 e de esgoto em 2054. A previsão inicial era até 2033, mas a alteração dos índices de inflação e crescimento do PIB afetou a estimativa.
O saneamento básico no Brasil é um desafio para os governos, que devem intensificar os investimentos públicos em todos os níveis. Porém, a população tem papel fundamental nisso, já que a pressão popular para democratizar os serviços sanitários pode contribuir para melhorar o cenário.
Outra forma de ajudar a melhorar o saneamento básico brasileiro pela mobilização é se envolver com instituições sérias e confiáveis que lutam pelos direitos básicos junto às comunidades. A atuação dessas organizações, a exemplo do ChildFund Brasil, com o projeto “Água Pura para Crianças”, fortalece a participação dos comunitários nos processos de controle social das políticas públicas locais e ajuda a atender às necessidades básicas.
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O ChildFund Brasil é uma organização de desenvolvimento social que por meio de uma sólida experiência na elaboração e no monitoramento de programas e projetos sociais mobiliza pessoas para a transformação de vidas. Crianças, adolescentes, jovens, famílias e comunidades em situação de risco social são apoiadas para que possam exercer com plenitude o direito à cidadania.