Parentalidade – O papel e desafios de quem cuida da criança

É conhecido como parentalidade tudo aquilo que está envolvido no cuidado das crianças. Seja ele um ou ambos os pais ou qualquer outra pessoa que desempenhe o papel de cuidador, as referências no cuidado da criança são aquelas que estão envolvidas na parentalidade.

A maneira ideal de se criar uma criança envolve a ajuda e o cuidado de muitas pessoas além dos pais, e para uma parentalidade que inclua afeto e carinho, é preciso entender o que promove o desenvolvimento infantil.


Quem promove o desenvolvimento infantil?

No início da vida, especialmente da gestação aos 6 anos, as crianças vivem transformações que as acompanharão por toda a sua existência. As experiências vividas nessa fase podem ajudá-las a criar boa autoestima, habilidade nas relações com outras pessoas e flexibilidade para lidar com desafios.

Quem participa da parentalidade lhe apresenta suas primeiras experiências: junto a suas mães, pais e cuidadores(as), a criança criará hábitos alimentares, de saúde, observará e aprenderá formas de se relacionar com outras pessoas e com os próprios sentimentos e emoções.

A responsabilidade pelo desenvolvimento infantil integral não é só da família, mas sim de cuidadoras e cuidadores de uma forma mais ampla. O Estado deve prover condições de acesso à saúde, educação, moradia, saneamento básico, cultura e lazer, exercendo um papel fundamental de garantia de direitos, acolhendo não só as crianças e suas necessidades, como suas famílias.


O que é parentalidade?

O termo parentalidade, ainda pouco conhecido, descreve as funções realizadas pelas pessoas que são referência nos cuidados com as crianças. A parentalidade pode dizer respeito à mãe ou pai biológicos, ou a qualquer pessoa que assuma direitos, deveres e obrigações da função parental, que é garantir a sobrevivência e o desenvolvimento integral da criança.

Portanto, quando falamos em parentalidade, podemos estar falando de pai ou mãe biológicos ou adotivos, avós, avôs, tios, tias e outros familiares, ou qualquer pessoa que através de vínculos afetivos assuma cuidados e responsabilidades referentes à criança. As pessoas no papel da parentalidade são os(as) cuidadores(as) principais da criança, ou os(as) cuidadores(as) de referência.

O cuidado da criança também pode estar sob a responsabilidade de outras pessoas próximas, no entanto, embora as pessoas da rede de apoio também construam vínculos e assumam cuidados, elas têm responsabilidades diferentes das pessoas que estão na função da parentalidade.


Puerpério

Quando falamos de quem pariu a criança, é importante cuidar do período após o parto, porque nesse momento a pessoa passa por grandes alterações. Chamamos esse momento de puerpério.

Esse período começa após o nascimento do bebê, e não sabemos exatamente qual o seu fim, podendo durar de poucas semanas até muitos meses. Durante essa fase, seria fundamental que outras pessoas assumissem os cuidados com a casa e com a pessoa que acabou de parir.

Sabemos que nem sempre essa condição é possível, mas os esforços devem ser nesse sentido.


Importância do vínculo para a parentalidade

A construção de vínculos entre cuidadoras e/ou cuidadores de referência e a criança é fundamental para um desenvolvimento saudável. Esse tipo de vínculo é construído através de diferentes interações no dia a dia da criança: cuidados básicos como banho, alimentação, situações de diálogo, momentos de troca, afeto e brincadeiras.

O cuidado atento com as crianças pequenas é fundamental para que cresçam e se desenvolvam fisicamente saudáveis, emocionalmente seguras e sabendo buscar seus direitos, assim como identificar suas responsabilidades.

Interações afetivas e de cuidados no início da vida constroem bases muito importantes para o desenvolvimento integral da criança, potencializando o desenvolvimento socioemocional, cognitivo e psicofísico, gerando impactos profundos em sua formação.


Crianças seguras e acolhidas

Sabemos que é fundamental que as crianças se sintam seguras e acolhidas na relação com suas cuidadoras e/ou cuidadores, mas como fazer para que isso aconteça?

  • As crianças precisam sentir que são ouvidas, valorizadas e apoiadas em seus desejos, medos, dúvidas, opiniões e interesses. Nesse sentido, devemos oferecer ambientes acolhedores, nos quais a criança se sinta confortável e segura para compartilhar seus sentimentos e necessidade;
  • É comum que as crianças testem limites para saber como se portar, falar, agir em determinadas situações. É papel das cuidadoras e dos cuidadores de referência estabelecer esses limites e deixá-los claros, assim como negociá-los sempre que possível, ou seja, sempre que necessário para a segurança da criança deixe prevalecer a decisão do adulto, mas considerando o máximo possível o ponto de vista da criança;
  • É importante que as crianças convivam com pessoas afetivas. Esse afeto pode ser demonstrado com beijos, abraços, carinhos, massagem e/ou na construção de momentos especiais para serem vividos juntos;
  • É interessante variar entre momentos em que a criança é desafiada e estimulada a pensar de formas diferentes, a criar soluções para problemas, a investigar temas, e outros momentos em que a criança possa descansar, ficar em silêncio, lendo ou brincando sozinha;
  • É preciso variar momentos em que a criança enfrentará situações com maior liberdade e autonomia e outros em que as cuidadoras e os cuidadores atuarão de forma próxima, ajudando a criança a fazer escolhas, tomar decisões ou executar tarefas. É fundamental oferecer um ambiente onde a criança possa estar segura, tanto em relação a possíveis acidentes, quanto em relação a violências físicas, verbais, psicológicas ou sexuais;
  • A criança precisa ter a segurança de que suas necessidades vitais de alimentação, cuidado com a saúde e proteção estão sendo atendidas por suas cuidadoras e/ou cuidadores de referência.

 

Exercendo a parentalidade de forma lúdica, afetiva e cuidadosa
 

  • Permita-se brincar com a criança em alguns momentos. Você também deve se divertir;
  • Caso você não tenha tempo ou não goste de brincar, busque outras formas de conexão com a criança e facilite que ela possa brincar tanto sozinha, como no encontro com outras crianças;
  • Lembre-se de que as brincadeiras podem ocorrer de diferentes formas: é muito bacana inserir momentos de brincadeira no dia a dia, como na hora do banho, nos trajetos para a escola, na hora de arrumar a casa. Pequenas brincadeiras podem transformar o cotidiano deixando os momentos mais leves e gostosos;
  • Descubra formas prazerosas de estar junto e interagir: compartilhar interesses, cozinhar, fazer atividades manuais, cuidar de plantas, passear, visitar pessoas queridas, jogar jogos de tabuleiro, ler, assistir a filmes;
  • Dentro das suas possibilidades, acompanhe e se envolva em outros espaços da criança, como a escola, a casa de familiares, atividades que ela realiza fora da escola etc;
  • As crianças tendem a aprender mais e de forma mais significativa por meio de experiências e interações com práticas positivas do que por discursos ou sermões: trate as pessoas e a própria criança do jeito que gostaria que ela também o fizesse. Crie o hábito de elogiar a criança, tente chamar atenção para as coisas bacanas que ela faz, comemore seus acertos e conquistas, conte-lhe do amor que sente por ela;
  • Valorize a diferença: seja você o exemplo para que a criança conviva com outras infâncias e pessoas. É importante que ela aprenda pela experiência a respeitar e a gostar das diferentes formas de ser e estar no mundo


Os desafios da parentalidade

Devemos considerar o papel fundamental de cuidadores e cuidadoras para o desenvolvimento da criança, no entanto, muitas vezes não conseguimos fazer as coisas da maneira como gostaríamos.

Podem ser muitos desafios da parentalidade: tempo, excesso ou falta de trabalho, questões financeiras, dúvidas, falta de rede de apoio e de acesso a direitos básicos, situações de violência doméstica, falta de suporte do Estado.

Procurar cuidar da criança da melhor forma possível é muito importante, mas não garante que não cometeremos erros. Não se culpe pelo que não for como desejaria, mas mantenha o esforço e a atenção para que sua criança possa estar sempre cercada por afeto e segurança.

Devemos também lembrar que o desenvolvimento pleno das crianças é um desafio coletivo e complexo que necessita de um compromisso compartilhado.

Por isso, brincando com aquele conhecido provérbio africano que diz que “é preciso uma aldeia inteira para cuidar de uma criança”, nós dizemos: “é preciso uma aldeia inteira para cuidar de uma aldeia inteira!

ChildFund Brasil

Nós acreditamos que toda criança merece a oportunidade de um desenvolvimento saudável e uma vida cheia de brincadeiras. Para nós, permitir com que mais pais e cuidadores possam incluir mais carinho, cuidado e diversão em sua parentalidade é uma de nossas maiores metas.

Acreditamos na grande importância das brincadeiras no crescimento, e trabalhamos com programas sociais que afetam milhares de famílias por todo o país para espalhar essa noção.

Para destacar a importância do brincar com crianças para o desenvolvimento infantil, o ChildFund Brasil em parceria com a The LEGO Foundation implementa o projeto Brinca e Aprende Comigo, que foi realizado com crianças do Ceará e de Minas Gerais, por meio de 12 parceiros locais da organização, totalizando 37 municípios. Mais de 12,5 mil crianças de até 8 anos e mais de 6 mil mães, pais e cuidadores participaram.

A parceria do projeto abrange seis países: Brasil, Etiópia, Guatemala, Honduras, México e Uganda e nasceu da visão de que o desenvolvimento infantil tem suma importância na formação das pessoas. Por aqui, o Brinca e Aprende Comigo é realizado com Organizações Sociais Parceiras, que receberam formações sobre o tema para replicar os conteúdos com as famílias e comunidade.

Conheça mais do nosso trabalho para promover uma infância feliz para nossas crianças e saiba como você também pode contribuir.

ChildFund Brasil

O ChildFund Brasil é uma organização de desenvolvimento social que por meio de uma sólida experiência na elaboração e no monitoramento de programas e projetos sociais mobiliza pessoas para a transformação de vidas. Crianças, adolescentes, jovens, famílias e comunidades em situação de risco social são apoiadas para que possam exercer com plenitude o direito à cidadania.

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