Quais são os principais impactos causados pela violência contra crianças e adolescentes?

A violência infantil ainda é, infelizmente, muito presente em todo o Brasil. Abusos, negligência e exploração fazem parte do cotidiano de muitas crianças em variados contextos. Tudo isso gera impactos negativos ao se desenvolverem, atingindo áreas da vida como educação, saúde e qualidade de vida.

As consequências são enormes, não apenas para a criança em si, mas para toda a sociedade ao seu redor. Mais do que qualquer outro tipo de violência, a cometida contra a criança não se justifica, uma vez que as suas condições peculiares de desenvolvimento a colocam em extrema dependência de pais, familiares, poder público e da sociedade como um todo.

Dito isto: é dever de toda a sociedade, de acordo com o ECA, cuidar de todas as crianças.

O que é considerado violência infantil?

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), se enquadra em violência infantil tudo aquilo que obedece aos seguintes critérios:

Maus-tratos, que se referem a qualquer tipo de violência (física, sexual e emocional ou negligência) realizada por pais, cuidadores ou outras figuras de autoridade em relação à criança. Inclui-se também a punição violenta.

Bullying, que é um comportamento agressivo e indesejado por outra criança ou grupo de crianças. Envolve danos físicos, psicológicos ou sociais repetidos e muitas vezes ocorre em escolas e outros ambientes onde as crianças se reúnem e online.

Violência por parceiro íntimo, que envolve violência física, sexual ou emocional por um parceiro íntimo ou ex-parceiro da criança ou adolescente. Ocorre comumente contra meninas dentro de casamentos infantis e casamentos precoces e forçados.

Violência sexual, que se refere ao tipo de violência realizada e inclui contato sexual não consensual concluído ou tentado e atos de natureza sexual que não envolvam; atos de tráfico sexual cometidos contra alguém incapaz de consentir ou recusar; e exploração online.

Violência emocional ou psicológica, que inclui a restrição dos movimentos de uma criança, ridicularização, ameaças e intimidação, discriminação, rejeição e outras formas não físicas de tratamento hostil.

Violência juvenil, que é a violência realizada contra e por crianças e jovens adultos entre 10 e 29 anos. Segundo a OMS, inclui o assédio e a agressão física com ou sem armas (como armas e facas) e pode envolver violência de gangues.

Quais são os impactos da violência infantil para a criança?

De acordo com o Ministério da Saúde, a violência infantil pode ocasionar três problemáticas principais para as crianças e adolescentes, a curto e longo pazo. São elas:

–  Problemas sociais, emocionais, psicológicos e cognitivos durante toda a vida, podendo apresentar também comportamentos prejudiciais à saúde. Em geral, se manifesta por meio do abuso de substâncias psicoativas, do álcool e outras drogas e da iniciação precoce à atividade sexual, tornando-os mais vulneráveis à gravidez e à exploração sexual.

– Os problemas de saúde mental e social relacionados com a violência em crianças e adolescentes podem gerar consequências como ansiedade, transtornos depressivos, alucinações, baixo desempenho na escola e nas tarefas de casa, alterações de memória, comportamento agressivo e até tentativas de suicídio.

– A exposição precoce de crianças e adolescentes à violência pode estar relacionada com o comprometimento do desenvolvimento físico e mental, além de enfermidades em etapas posteriores da vida, como as doenças sexualmente transmissíveis, o aborto espontâneo e outros.

O fato é que o menor de idade exposto a qualquer tipo de violência pode ter as suas sensibilidades ou a forma de lidar com os problemas alterados, com possíveis sequelas no presente e também no futuro.

Independente do tipo de violência infantil, a maioria dos casos gera forte impacto em suas vidas e em seu desenvolvimento. Uma das principais problemáticas é o aprendizado e a incorporação de mecanismos violentos como forma de resolução de conflitos.

Essa forma de encarar as coisas interfere até mesmo na educação dos seus futuros filhos, construindo uma espécie de cascata de violência, um ciclo fomentado pela “cultura da violência”. Muitas vezes, o adulto violento foi uma criança que sofreu nas mãos de outro adulto violento.

Os impactos na sociedade

Um relatório do ChildFund Alliance destacou que, além dos problemas acima expostos, a violência infantil ainda ocasiona impactos econômicos globais na casa dos US$ 7 trilhões ao ano valor mais alto que o investimento necessário para prevenir a maior parte desses atos.

Os valores investidos na prevenção à violência infantil permanencem baixos. Com isso, os ciclos citados ao longo deste artigo permanecem se repetindo, impedindo até mesmo o desenvolvimento econômico da população mundial.

Acesse o relatório aqui.

Por que a violência infantil muitas vezes é encoberta?

Segundo a Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, há algumas possíveis razões para isso. São elas:

Medo de denunciar episódios de violência infantil cometidos principalmente pelas pessoas que deveriam proteger as próprias crianças e adolescentes, tais como os pais, familiares, amigos, conhecidos, cuidadores, polícia e outras pessoas investidas de algum poder na comunidade.

Aceitação social da violência infatil utilizada como justificativa para “educar”. Essas violências são manifestadas como castigo físico, humilhação, intimidação e assédio sexual, especialmente quando não produzem danos físicos, visíveis e duradouros.

–  A violência infantil se torna invisível também se os serviços de escuta (disque-denúncia, delegacias, serviços de saúde e de assistência social, escolas, conselhos tutelares e a própria comunidade) não estiverem preparados para o acolhimento e o atendimento da criança e do adolescente. Hoje, há uma maior preparação por parte dos serviços de denúncia, mas ainda falta maior participação da comunidade.

Como você pode ajudar?

Uma das formas de denunciar essa violação de direitos é por meio do Disque 100.  Disponível em todo o território nacional, o intuito é encaminhar as denúncias aos órgãos competentes, além de orientar sobre os serviços e redes de atendimento e proteção nos estados e munícios.

Você pode, ainda, apoiar uma ONG que tenha entre seus principais objetivos a erradicação da violência infantil e o fomento de ações que auxiliem no desenvolvimento de menores de idade em situações de maior vulnerabilidade social.

Como já abordado ao longo desse texto, muitas vezes a violência infantil vem de um ciclo que, para ser quebrado, são necessárias ações afirmativas, preventivas e positivas, levando um novo olhar para a vida da criança ou adolescente.

Conheça mais sobre o ChildFund Brasil e sobre o apadrinhamento. Apadrinhar é a melhor forma de investir na transformação da vida de uma criança, dando a ela a  oportunidade de viver uma infância feliz e futuramente se tornar um adulto saudável, um cidadão responsável e um agente de mudanças.

ChildFund Brasil

O ChildFund Brasil é uma organização de desenvolvimento social que por meio de uma sólida experiência na elaboração e no monitoramento de programas e projetos sociais mobiliza pessoas para a transformação de vidas. Crianças, adolescentes, jovens, famílias e comunidades em situação de risco social são apoiadas para que possam exercer com plenitude o direito à cidadania.

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