Os riscos da fome oculta para a saúde de crianças e adolescentes

A carência de micronutrientes como vitaminas e minerais, essenciais para o bom funcionamento do nosso organismo, é definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como fome oculta. O consumo ineficiente de alimentos como frutas, legumes, peixes e carnes atinge uma em cada quatro pessoas no mundo, ou seja, 25% da população.

Embora o brasileiro esteja mais preocupado em ter uma vida saudável, estudos mostram que mais de 80% da população do país não têm ideia do que seja fome oculta. A má nutrição não está totalmente atrelada à escassez de comida. Uma pessoa pode até consumir uma determinada quantidade de calorias por dia, porém, se não ingerir nutrientes variados, o processo de saciedade do organismo fica comprometido, fazendo com que mais calorias pobres em vitaminas e minerais sejam digeridas.

A ação dos nutrientes no corpo humano

A fome oculta não provoca sintomas distintos no indíviduo, a não  ser a necessidade de comer o tempo todo.

A falta de nutrientes (como ferro, iodo, vitamina A e zinco) na alimentação pode desencadear uma série de problemas. A falta de ferro, por exemplo, pode provocar anemia, deficiência no sistema imunitário e falta de ar.

Já o pouco consumo de iodo resulta em fadiga, problemas na audição, aumento da ansiedade e pode provocar deficiência em fetos. Enquanto que a vitamina A é fundamental para a visão e também para a imunidade.

A pouca ingestão de zinco pode provocar alterações no crescimento, problemas na pele e no sistema nervoso. E todos esse sinais só aparecem quando o corpo já está bastante fragilizado.

Vale ressaltar que a fragilidade no sistema imunitário deixa o nosso organismo mais propenso a contrair doenças provenientes de inflamações e infecções.

Fome oculta é mais do que uma dieta inadequada

Além de uma alimentação carente de vitaminas, médicos afirmam que a fome oculta pode ser desencadeada por doenças intestinais que impedem a absorção de nutrientes, assim como em algumas fases da vida, como na gestação ou no período em que as mães estão amamentando, já que a necessidade de alguns micronutrientes, como ferro, por exemplo, aumenta.

O excesso de peso também é outro fator que pode resultar na fome oculta, bem como as disfunções hormonais, pois acarretam  em desequilíbrios metabólicos. A falta de exercícios físicos, baixa exposição ao sol (por conta da vitamina D), assim como poucas horas de sono e estresse contribuem para o problema.

Desenvolvimento de crianças e adolescentes são comprometidos pela fome oculta

Manter uma alimentação balanceada é fundamental em todas as fases da vida, mas para crianças e adolescentes é ainda mais importante uma rotina nutricional rica em vitaminas para que possam se desenvolver bem. Porém, a realidade é outra.

Atualmente, uma em cada três crianças menores de 5 anos não está recebendo a nutrição necessária para crescer adequadamente, segundo o estudo Situação Mundial da Infância, realizado pelo Unicef. O levantamento analisa a má nutrição infantil e conclui que as mudanças no mundo são responsáveis pela fome oculta, como a migração de pessoas do campo para a cidade e o aumento das mulheres como população economicamente ativa. A falta de políticas públicas para inserir a mulher com melhores condições nos ambientes de trabalho, permitindo à família um local seguro para deixar as crianças e lhes garantir refeições adequadas, impacta na alimentação de mulheres e crianças.

Segundo o estudo, as pessoas têm deixado para trás as dietas tradicionais e passaram a adotar dietas modernas, que, na maioria das vezes, é rica em açúcares e gorduras e pobres em nutrientes essenciais. Tudo isso resulta na má nutrição das crianças nos dias de hoje.

O estudo diz ainda que as crianças desnutridas podem carregar o fardo das deficiências precoces de crescimento pelo resto de suas vidas, nunca alcançando seu pleno potencial físico e intelectual.

A falta de vitaminas e minerais rouba a vitalidade em todas as fases da vida e compromete a saúde e o bem-estar de crianças, adolescentes e mães. Estimativas globais recentes do Unicef apontam que o número de crianças e mulheres afetadas por várias formas de fome oculta é impressionante – pelo menos 340 milhões de crianças menores de 5 anos sofrem desse problema.

A situação é ainda mais alarmante quando a escassez de alimentos e as práticas inadequadas de alimentação se tornam evidentes. Na maioria das vezes, ela é agravada por conta da pobreza, por crises e conflitos humanitários que privam as crianças de uma nutrição adequada e, em muitos casos, resultam em morte.

De acordo com o relatório Situação Mundial da Infância, em 2018, 149 milhões de crianças menores de 5 anos tiveram déficit de crescimento e quase 50 milhões estavam com baixo peso.

Você pode mudar esta realidade

A começar por você, avaliando como anda a sua alimentação hoje em dia. Você está ingerindo os nutrientes e vitaminas necessários para a sua saúde? Mesmo que a resposta seja negativa, ainda é possível mudar.

Porém, para muitas crianças e adolescentes que vivem na pobreza ou extrema pobreza, os desafios são ainda maiores. O número de cidadãos que vivem abaixo da linha da pobreza triplicou no Brasil por conta da pandemia do coronavírus, segundo levantamento feito pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Isso quer dizer que 27 milhões de pessoas – que representa 12,8% da população brasileira, tentam sobreviver com o valor de R$ 246,00 por mês. Pesquisadores afirmam que a falta de políticas públicas e os altos níveis de desemprego nos conduziram para o pior cenário da pobreza no Brasil nos últimos dez anos.

Ainda assim é possível contribuir para mudar essa realidade. Muitas ONGs desenvolvem programas e projetos que auxiliam o desenvolvimento de crianças e adolescentes que vivem em situação de vulnerabilidade social.

O ChildFund Brasil, por exemplo, é uma agência de desenvolvimento social que está há mais de 50 anos contribuindo para que crianças e adolescentes desenvolvam o seu potencial máximo para um futuro melhor, por meio de projetos e programas que são realizados com toda a família e comunidade onde as crianças beneficiadas estão inseridas, criando assim um ambiente de proteção, cuidado e empoderamento.

De que forma você pode ajudar?

O apadrinhamento financeiro é uma das formas de se investir na transformação da vida de uma criança. Além de proporcionar que ela viva uma infância feliz e segura, também contribui para o desenvolvimento de um adulto saudável, responsável e agente de mudanças.

A contribuição é feita para um fundo coletivo que financia a realização de projetos e atividades que as crianças e suas famílias participam. Os padrinhos e as madrinhas podem acompanhar todas as ações por meio de cartas, telefonemas, boletins periódicos, e-mails e mensagens via WhatsApp. Visitas supervisionadas também podem ser programadas.

Saiba mais sobre apadrinhamento financeiro lendo este artigo: “Apadrinhamento financeiro: o que é e como funciona”

Nutrição saudável de crianças e adolescentes é uma tarefa de todos

Segundo o Unicef, crianças e adolescentes precisam estar no centro de pensamentos sobre os sistemas alimentares, já que os impactos de uma má nutrição ao longo da vida são imensos.

Uma boa nutrição pode quebrar os ciclos em que a desnutrição perpetua a pobreza e a pobreza perpetua a desnutrição. Sua atitude pode salvar vidas!

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ChildFund Brasil

O ChildFund Brasil é uma organização de desenvolvimento social que por meio de uma sólida experiência na elaboração e no monitoramento de programas e projetos sociais mobiliza pessoas para a transformação de vidas. Crianças, adolescentes, jovens, famílias e comunidades em situação de risco social são apoiadas para que possam exercer com plenitude o direito à cidadania.

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