Após a incidência da pandemia da Covid-19, a extrema pobreza teve seus índices aumentados em toda a América Latina, incluindo o Brasil, de acordo com o relatório Panorama Social da América Latina 2020. Além dos impactos na área da saúde, é inegável que a pandemia trouxe consigo impactos socioeconômicos de longo prazo.
Saiba mais no artigo “O que o Brasil pós-pandemia reserva para crianças em situação de vulnerabilidade”.
De acordo com o UNICEF, a situação é crítica, especialmente para crianças e adolescentes, já que houve diminuição na renda das famílias em situação de vulnerabilidade social, bem como aumento da fome ou insegurança alimentar e menos acesso dos estudantes às atividades escolares.
Uma nota técnica publicada pela Rede de Políticas Públicas e Sociedade estimou que, do número de trabalhadores afetados no Brasil pela Covid-19, 81% (75,5 milhões de pessoas) experimentam algum tipo de vulnerabilidade em função da pandemia.
Destes, os mais vulneráveis foram aqueles que tinham empregos menos estáveis em setores não essenciais como serviços domésticos, cabeleireiros, comércio de vestuário e manutenção de veículos – uma somatória de 23,8 milhões de pessoas, ou 25,5% da população. Tais pessoas, que já possuíam vínculos frágeis no mercado de trabalho ou vinham de uma situação de vulnerabilidade social, ou perderam seus vínculos ou viram sua situação se agravar.
Os dados do UNICEF corroboram: segundo o relatório Impactos Primários e Secundários da Covid-19 em Crianças e Adolescentes, 55% dos entrevistados tiveram queda na renda domiciliar. Os impactos dessa queda são particularmente maiores nas famílias mais pobres: dos entrevistados que recebiam até um salário mínimo, 69% afirmaram que tiveram cortes em seu orçamento. Entre eles, 15% afirmaram ter perdido toda a fonte de renda.
Um estudo publicado em abril de 2021 pelo Made-USP (Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades da FEA-USP), calculou como a pobreza e a extrema pobreza se manifestaram em diferentes momentos: pré-pandemia, julho de 2020, outubro de 2020 e 2021, mostrando que a situação piorou muito ao se comparar 2019 e 2021.
O estudo usa como base microdados da Pnad Contínua – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios feita pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) – e da Pnad Covid.
É possível notar um aumento nos índices de pobreza e extrema pobreza nos momentos de redução do auxílio emergencial, mostrando que o auxílio em 2021 não trará a mesma proteção social contra a perda da renda que trouxe em 2020, já que é uma versão reduzida do benefício.
Com isso, a pobreza ficará 4,1 pontos percentuais acima dos níveis pré-crise e a extrema pobreza, 2,5, o que representa um total de 5,4 e 9,1 milhões de brasileiros que passam a viver em situação de pobreza e extrema pobreza neste ano.
No total, são 19,3 milhões de brasileiros em situação de extrema pobreza (19,3% da população) e 61,1 milhões em situação de pobreza (28,9% da população). Antes da pandemia, esse número era de 13,9 milhões e 51,9 milhões, respectivamente.
Os critérios adotados para identificar pobreza e extrema pobreza foram os mesmos usados pelo Banco Mundial, considerando ganhos diários entre US$ 5,50 (pobreza) e US$ 1,90 (extrema pobreza). Ajustando para o câmbio e para o nível de preços no Brasil, o estudo calcula a situação de pobreza como ganhos mensais de R$459 e extrema pobreza R$162.
Esses números trazem consigo uma série de outros impactos, como o aumento da fome e da insegurança alimentar, aumento do trabalho infantil, aumento do desemprego entre jovens e maior desigualdade social.
Como a covid-19 privou crianças e adolescentes de seus direitos
Insegurança alimentar: fome volta a crescer no Brasil e prejudicar as nossas crianças
Por meio da ajuda a ONGs que atuam diretamente com essas famílias em situação de vulnerabilidade. No caso do ChildFund Brasil, o seu apoio se dá por meio do apadrinhamento de uma criança, que é assistido de perto por uma de nossas organizações parceiras espalhadas por diferentes regiões do Brasil.
De acordo com os dados da PNAD 2018, cerca de 1 a cada 3 crianças até 14 anos viviam em situação de pobreza, totalizando 14,3 milhões de crianças vivendo sem condições básicas de vida. No entanto, como elucidado ao longo deste artigo, com a pandemia a situação se agravou.
Isso significa que essas crianças e adolescentes:
– Muitas vezes não têm o que comer;
– Inúmeras vezes não têm oportunidade de estudar;
– Igualmente não têm energia para brincar ou sonhar;
– Muitas vezes não têm famílias com condições de apoiá-las para que construam um final feliz para si mesmas;
Ou seja: elas são, muitas vezes, impedidas de viver a infância como deve ser vivida – como uma época de desenvolvimento e descobertas!
Para fazer a diferença, basta pouco mais de R$ 2,00 por dia, valor que vai para um fundo coletivo que financia projetos sociais e atividades das quais a criança e sua família participam.
Além disso, você pode criar um vínculo afetivo com essa criança por meio de cartas, telefonemas e até visitas supervisionadas.
E fique tranquilo: ao apadrinhar, você receberá, periodicamente, informações sobre a criança e os resultados do trabalho do ChildFund Brasil por meio de boletins, e-mails, WhatsApp e de um relatório anual que mostra o progresso individual da criança.
Quer ser padrinho ou madrinha e ajudar a, de fato, trazer esperança ao futuro de uma criança e sua comunidade? Clique aqui!
Além disso, nós também tivemos uma forte atuação durante a pandemia, com o intuito de manter os direitos fundamentais dessa parcela da população em situação vulnerável.
Nesse sentido, uma de nossas frentes foi a campanha “Nem vírus, Nem Fome: Compaixão”, onde beneficiamos mais de 30 mil famílias na linha da extrema pobreza com kits compostos por alimentos básicos e itens de higiene.
Também promovemos atividades virtuais, fortalecemos nossas ações de proteção infantil e de Advocacy, com o intuito de conter o impacto socioeconômico ocasionado pela pandemia.
Nesse link, você consegue acessar e conhecer tudo o que temos feito durante a pandemia.
Saiba mais também sobre o ChildFund Brasil, ONG presente no Brasil há 54 anos com uma história sólida e transparente.
O ChildFund Brasil é uma organização de desenvolvimento social que por meio de uma sólida experiência na elaboração e no monitoramento de programas e projetos sociais mobiliza pessoas para a transformação de vidas. Crianças, adolescentes, jovens, famílias e comunidades em situação de risco social são apoiadas para que possam exercer com plenitude o direito à cidadania.