Educação, meio ambiente e medo de animais são as maiores preocupações das crianças

Foi o que revelou a pesquisa divulgada pelo ChildFund Brasil sobre sonhos e preocupações de mais de 6 mil crianças de 47 países 




No final de 2012, foi divulgado o resultado da 3ª
edição da pesquisa anual Small Voice Big Dreams – Pequenas vozes, Grandes
sonhos, realizada pelo ChildFund Alliance. Foram pesquisadas 6.200 crianças
(de 10 a 12 anos) de 47 países em que o ChildFund atua. O objetivo principal do
estudo é ouvir das crianças de todo o mundo quais são as maiores preocupações
delas.

 

A pesquisa mostra que que crianças de 10 a 12 anos da África,
Ásia e Américas se importam muito com a escolaridade, tem altas aspirações para
o seu futuro e já enfrentaram desastres naturais como inundações, secas ou
incêndios.

 

As 6.200 crianças pesquisadas responderam seis perguntas, incluindo, “Se você
fosse presidente ou líder de seu país, o que você faria para melhorar a vida
das crianças em seu país?” Um em cada dois (50%) dos entrevistados dos
países em desenvolvimento disse que melhorariam a educação ou ofereceria
maiores oportunidades de geração de renda. Outros 22% supririam necessidades
básicas como alimentos, roupas e moradia, esta última foi a resposta mais
citada entre crianças de países desenvolvidos (25%).

 

Coerente com sua ênfase na educação, a maioria das
crianças nos países em desenvolvimento, quando perguntado o que eles queriam
ser quando crescessem, responderam profissões que exigem uma educação
universitária, como médico (27%) e professor (24%).

 

Pela primeira vez, o estudo incluiu questões relacionadas ao
meio ambiente. Foi constatado que pelo menos uma em cada três crianças de
países em desenvolvimento já teve alguma experiência com secas (40%),
inundações (33%) ou queimadas (30%). A maior preocupação ecológica não foi um
desastre natural, mas a crescente ameaça de poluição no meio ambiente. Um em
cada quatro entrevistados (26%) citou diversas formas de poluição como o
“problema ambiental que mais as preocupam”. Paralelamente, uma em
cada três crianças (33%) nos países desenvolvidos destacou a poluição como sua
maior preocupação ambiental.

 

Quando perguntados o que fariam para mudar o
ambiente em torno da comunidade onde moram, 28% das crianças de países em
desenvolvimento disseram que é necessário plantar árvores e construir mais
parques. Um número semelhante (29%) das crianças dos países desenvolvidos,
disse que a principal prioridade seria reduzir ou parar de jogar lixo em
lugares impróprios.

 

‘Pequenas Vozes, Grandes Sonhos’ no Brasil
revela preocupação com meio ambiente e medo de ameaças familiares

 

Os dados do Brasil foram representados por 103
participantes (entre 10 e 12 anos de idade) de 15 organizações sociais
parceiras do ChildFund Brasil nos estados de Minas Gerais, Ceará e Pernambuco.
Foram 57% de meninas e 43% de meninos. Quando perguntadas sobre o que elas
fariam para melhorar a vida das crianças de seu país, se fossem presidentes, a
maioria das crianças consultadas, 54%, também responderam que investiriam na educação
e proporcionariam oportunidades de geração de renda; 36% proveriam necessidades
básicas como alimentação, vestuário e moradia; 20% investiriam na diminuição da
desigualdade e na criação de mais postos de trabalho; 19% ofereceriam mais
diversão e entretenimento, esportes e recreação; 9% melhorariam a saúde; 7%
mudariam as políticas sociais, 4% fortaleceriam a infraestrutura para melhorar
o transporte e, apenas 2% responderam que melhorariam a segurança.

 

Assim como as crianças de outros países em desenvolvimento,
a maioria (23%) dos brasileirinhos também respondeu que desejam ser
médicos/enfermeiros ou dentistas quando crescerem, seguida da profissão de
professor (16%). Quanto ao problema ambiental que mais as preocupam, assim como
as demais crianças do mundo, 37% das crianças brasileiras estão preocupadas com
a poluição, 23% com o desmatamento, 12% tem preocupação com a poluição das
águas, 5% com saneamento, 3% se preocupam com as alterações climáticas e o
aquecimento global, 1% com a destruição em massa ou o fim do mundo.

 

Sobre desastres que já vivenciaram: 50% das
crianças brasileiras entrevistadas enfrentam a seca, 38% enfrentaram ondas de
calor, 23% já vivenciaram inundações, 6% enfrentaram queimadas, 2%
desmoronamento e 27% disseram nunca terem passado por algum tipo de desastre
natural. Sobre o que fariam para mudar o ambiente em torno da comunidade
em que vivem, 30% de nossos pequenos eliminariam ou diminuiriam o lixo, mesma
atitude de crianças de países desenvolvidos. Outros 21% dos brasileiros melhorariam
a infraestrutura, 17% plantariam mais árvores e construiriam mais parques, 6%
eliminariam ou diminuiria a poluição em geral, outros 6% investiriam na
educação ambiental, 3% fariam mais leis ambientais, também 3% trabalhariam para
evitar os incêndios florestais e apenas 1% respondeu que investiria no
transporte público para diminuir a circulação de carros.

 

Uma das jovens entrevistadas foi Tainara Silva Melo, de 11
anos, que mora na vila São João, do município de Moreilândia, no estado de
Pernambuco. “As pessoas gastam muita água e, às vezes, cortam os tubos, que
levam a água para as casas, para desviá-los para outros lugares. Eu os
impediria de fazer isso. Gostaria de fazer também com que parasse de cortar as
árvores e jogar lixo nas ruas, porque o lixo deve ser colocado na lata de lixo.
Eu gostaria que todos estivessem cientes e respeitassem o meio ambiente”,
defendeu Tainara.

 

Outro dado revelado pela pesquisa é que o maior
medo das crianças brasileiras, além do medo de animais, resposta da maioria das
crianças do mundo, está relacionado às ameaças familiares (25%). De acordo com
o Mapa da Violência 2012 – Crianças e Adolescentes do Brasil, desenvolvido
anualmente pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos – Cebela, os
números de vítimas de violência domésticas revelam uma realidade preocupante:
cerca de 40 mil crianças e adolescentes foram atendidos em 2011, pelo Sistema
Único de Saúde – SUS, vítimas de violência doméstica, sexual e/ou outras. Dois
de cada três casos tiveram a própria residência como local do ato, sendo o
agressor alguém muito próximo. Dos atendimentos realizados, pouco mais de 40%
foram por violência física (faixa etária de 1 a 19 anos de idade), 20% por
sexual (de 5 a 14 anos de idade), 17% registraram violência moral e
psicológica e em 16% dos casos a negligencia e o abandono foi o motivo do
atendimento (forte concentração na faixa de 1 a 4 anos de idade).

 

O Diretor Nacional do ChildFund Brasil, Gerson Pacheco,
ressaltou a importância em se ouvir as crianças: “Precisamos ouvir sempre
nossas crianças para direcionar os projetos sociais das diferentes regiões do
país em que atuamos. A pesquisa nos permite entender o que a criança pensa com
relação à comunidade em que vive, revela seus desejos e anseios. No Brasil,
assim como em outros países, o destaque foi a preocupação dos pequenos com o
meio ambiente e a educação. Porém, o medo das ameaças familiares, registrados
em 25% das respostas das crianças brasileiras nos chamou a atenção. Trata-se de
um mal silencioso que atinge milhares de lares, mas que buscamos minimizar por
meio dos programas que o ChildFund Brasil desenvolve em mais de 800 comunidades
no país”, ressaltou Gerson Pacheco.

 

A pesquisa Small Voices Big Dreams – Pequenas
vozes, grandes sonhos foi realizada pelo ChildFund Alliance de junho a agosto
de 2012. O ChildFund Brasil é filiado ao ChildFund International que compõe a
rede de organizações do ChildFund Alliance, presente em 56 países e que atua em
prol da superação da pobreza infantil no mundo. A pesquisa foi realizada em 47
países e incluiu 36 países em desenvolvimento na África, Ásia e Américas, bem
como 11 países desenvolvidos. Um total de 6.204 crianças foram entrevistadas,
sendo que 3.665 crianças são de países em desenvolvimento e 2.539 crianças em
nações desenvolvidas. Cinco das seis perguntas eram abertas e uma fechada.
Todas as respostas traduzidas foram fornecidas a GfK Roper, uma das maiores
empresas de pesquisa do mundo.

 

Informações completas sobre a pesquisa no
site: http://www.childfund.org/dreams2012/

A
ChildFund Brasil

O ChildFund Brasil é uma organização de desenvolvimento social que por meio de uma sólida experiência na elaboração e no monitoramento de programas e projetos sociais mobiliza pessoas para a transformação de vidas. Crianças, adolescentes, jovens, famílias e comunidades em situação de risco social são apoiadas para que possam exercer com plenitude o direito à cidadania.

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