Criança é pra ser Cuidada, uma campanha do ChildFund Brasil

Na década de 1960, os casos de violência contra crianças foram reconhecidos e se referiam, principalmente, a crianças com menos de um ano de idade. Mais de 50 anos depois, o cenário ainda preocupa. Segundo o Disque 100, canal de denúncia sobre violações dos direitos humanos, até maio de 2022, foram registradas 78.248 denúncias de violência contra crianças ou adolescentes. No mesmo canal, em 2021, foram 101.186 denúncias e, em 2020, foram feitas 94.885 denúncias.

Com o objetivo de de conscientizar e mobilizar a sociedade sobre a causa, o ChildFund Brasil lança a campanha Criança é pra Ser Cuidada, com dados reunidos em um relatório parcial da Pesquisa Nacional da Situação de Violência Contra Crianças no Ambiente Doméstico, com apoio da The Lego Foundation. O relatório é uma análise de dados públicos e das proposições legais nas câmaras legislativas nacional e estaduais. Os dados analisados nessa fase são de órgãos oficiais: Ministério da Cidadania (Assistência Social), Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos (Disque 100), Ministério da Saúde (DataSUS) e Proposições Legislativas (Câmara dos Deputados e Assembleias Legislativas Estaduais).

CampanhaAdvocacy

Com a evolução de estudos sobre o comportamento infantil, iniciaram-se avaliações dos efeitos a longo prazo de experiências precoces de abuso físico, psicológico, negligência e abuso sexual. “A violência é um crime contra a dignidade humana e a criança está em processo psíquico de formação de personalidade, da sua identidade”, explica Maurício Cunha, diretor de país do ChildFund Brasil. Ficou constatado que crianças que passam por experiências traumáticas estão mais propensas a desenvolver transtornos e doenças graves na vida adulta. “A identidade da criança ou adolescente é ferida quando ela é violentada física, emocional ou sexualmente”, completa Cunha.

 

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Diretor de país do ChildFund Brasil, Mauricio Cunha, aborda a campanha no lançamento, em Belo Horizonte. Foto: Gisele Araujo.

 

Prevenir e conscientizar

Para Águeda Barreto, coordenadora de advocacy do ChildFund Brasil, é urgente o debate para repensar a forma como educamos e cuidamos das crianças, e não só nas famílias, mas em toda a sociedade. “A violência é tão normalizada que, muitas vezes, é considerada uma forma de educação”, alerta.

A necessidade de investimentos na prevenção da violência contra a criança, investindo na educação dos adultos e em trabalhos de prevenção nas escolas, colaborando para o desenvolvimento socioemocional infantil e para gerar a quebra do ciclo de violência tem se tornado cada vez mais evidente. Nos últimos anos, verificou-se um aumento significativo em proposições de leis na esfera da violência contra a criança no sistema legislativo brasileiro, o que reflete a preocupação com a temática, especialmente, durante e após a pandemia. “As políticas públicas deveriam ser voltadas, principalmente, à prevenção da violência, mas essa não é a realidade atual”, acrescenta a especialista em políticas da infância. É de suma importância esse movimento do legislativo, mas que não funcionará se não houver um grande engajamento da sociedade como um todo: instâncias do governo, organizações não governamentais, população em geral e locais de atendimento a crianças, adolescentes e seus familiares, como escolas, postos de atendimento à saúde, etc. “Mas a maioria das tramitações tem caráter punitivo, o que é importante também, mas não resolve o problema da violência desde a raiz”, finaliza Barreto.

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Águeda Barreto, coordenadora de advocacy do ChildFund Brasil explica a campanha, durante lançamento em Belo Horizonte. Foto: Gisele Araujo.

 

Pesquisa Nacional da Situação de Violência Contra Crianças

Durante o lançamento da campanha, realizado em 23 de novembro, no escritório nacional da organização, em Belo Horizonte, o ChildFund Brasil apresentou o relatório parcial da Pesquisa Nacional da Situação de Violência Contra Crianças, com apoio da The Lego Foudation. O relatório é uma análise de dados públicos e das proposições legais nas câmaras legislativas nacional e estaduais. Os dados analisados nessa fase são de órgãos oficiais: Ministério da Cidadania (Assistência Social), Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos (Disque 100), Ministério da Saúde (DataSUS) e Proposições Legislativas (Câmara dos Deputados e Assembleias Legislativas Estaduais). A próxima etapa inclui entrevistas com crianças, famílias e atores institucionais, e será criado um relatório final com a análise das percepções sobre a violência contra crianças das cinco regiões brasileiras.

Acesse o site da campanha.

 

Texto adaptado do release elaborado pela agência WGO, responsável pela assessoria de imprensa do ChildFund Brasil.

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ChildFund Brasil

O ChildFund Brasil é uma organização de desenvolvimento social que por meio de uma sólida experiência na elaboração e no monitoramento de programas e projetos sociais mobiliza pessoas para a transformação de vidas. Crianças, adolescentes, jovens, famílias e comunidades em situação de risco social são apoiadas para que possam exercer com plenitude o direito à cidadania.

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