Covid-19: como está a situação das famílias mais vulneráveis do nosso país?

O problema da Covid-19 se alastrou em todo o país e, como o previsto, as mais afetadas foram as crianças e as famílias das comunidades mais vulneráveis. As medidas de prevenção recomendadas pelos órgãos nacionais e internacionais não são tão simples e de fácil acesso para todos, o que auxilia na propagação do vírus em regiões que vivem em situação de pobreza e extrema pobreza.

Como abordar o assunto tornou-se fundamental, principalmente para que sejam movidas ações para proteger essa grande parcela da população, separamos para este post uma breve explicação sobre como estão as condições das famílias que vivem em situação de vulnerabilidade durante a pandemia. Continue a leitura e entenda porquê o assunto é grave e merece a nossa atenção.

 

Por que a situação é pior em regiões vulneráveis?

O Brasil é um país que sofre com a desigualdade social. E, com o surgimento da Covid-19, os problemas que as regiões mais vulneráveis já enfrentavam, se agravaram ainda mais. Sendo assim, existem diversos fatores que fazem com que o cenário seja pior nesses lugares, entre eles estão:

 

  1. Falta de saneamento básico e condições de moradia precária

As principais medidas de prevenção, como higienização das mãos e uso de álcool em gel, não são tão simples o quanto parecem para muitas pessoas. Essa dificuldade está presente pelo fato de que, em diversas regiões, falta saneamento básico e água potável nas residências de famílias em situação de vulnerabilidade.

Inclusive, de acordo com o Unicef, o acesso ao saneamento básico de qualidade é o direito da infância mais violado no Brasil. Aproximadamente 13 milhões de crianças vivem sem esse saneamento adequado e cerca 14,3% de crianças e adolescentes no país (7,6 milhões) não têm acesso à água potável ou de fonte segura.

Além disso, a questão habitacional no Brasil também é algo extremamente delicado em diversas regiões que sofrem com a desigualdade social. Segundo o Jornal Nexo, uma grande parte da população reside em assentamentos precários, com moradias com um ou dois cômodos para várias pessoas, pouca ventilação, banheiro compartilhado e, em certas regiões, algumas casas não possuem sequer banheiro e contam apenas com fossas. 

 

  1. Sistema de saúde insuficiente

É importante pontuar que, em comunidades da extrema pobreza, já não existia oferta de assistência médica muito antes do surgimento da Covid-19. Porém, no contexto atual, a situação se agravou muito, já que em diversas regiões não há nenhuma Unidade Básica de Saúde.

Já nos locais que ainda contavam com algum tipo de atendimento, a superlotação dos sistemas de saúde ocorreu, como vimos em vários estados brasileiros: Amazonas, Ceará, Pará e Pernambuco. Além disso, outra questão importante de destacar é que, o Sistema Único de Saúde (SUS) não oferece leitos de UTI’s suficientes para atender a grande demanda que a Covid-19 tem causado, além de que muitos hospitais não estão tendo disponibilidade nem mesmo de leitos de enfermaria.

Assim, essa falta de leitos contribui para a disseminação do vírus dentro das casas, já que as famílias são obrigadas a conviver com o doente, e a impossibilidade de atender aqueles em estado grave, faz com que aumente o número de mortes dessa parcela da população que depende do sistema de saúde gratuito.

 

  1. Falta de comunicação assertiva

Outro ponto que vale ressaltar é o quanto a informação sobre como se prevenir da Covid-19 pode não chegar em todas as regiões como deveria. Nesses locais, utilizar diversos meios de comunicação audiovisual e construir a mensagem de maneira eficiente é indispensável. No entanto, é comum encontrarmos pessoas que desconhecem ou que ignoram a gravidade dos fatos, e até mesmo que não entendem completamente sobre os meios de prevenção por simplesmente não ter acesso a eles.

 

Todos esses problemas, intensificam ainda mais a disseminação do vírus e, consequentemente, agrava a situação em localidades que vivem em vulnerabilidade social.

 

Qual é o cenário nas regiões vulneráveis?

Embora as crianças e adolescentes não estejam no grupo de risco e, na maioria dos casos, não apresentam sintomas graves, eles estão entre os que mais sofrem de maneira indireta.

Segundo o Unicef, o isolamento social e o fechamento das escolas, afetam diretamente a educação e a saúde mental dessas crianças, já que os riscos de maus-tratos e exploração aumentam ainda mais nesses tempos de crise.  De acordo com o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, houve um aumento de 85% de denúncias pelo Disque 100 de violência sexual contra crianças no mês de março de 2020 – em relação ao ano anterior.

Um outro ponto de destaque é o número de alunos que tiveram suas aulas suspensas e estão sendo prejudicados e tendo o seu direito à educação de qualidade afetado mais uma vez. De acordo com a Agência Senado, há quase 56 milhões de alunos matriculados na educação básica e superior no Brasil, 35% (19,5 milhões) tiveram as aulas suspensas devido à pandemia, enquanto que 58% (32,4 milhões) passaram a ter aulas remotas. Na rede pública, aproximadamente, 26% dos alunos que estão tendo aulas online não possuem acesso à internet.

Além disso, com a suspensão das aulas nas escolas para conter a propagação do vírus, a desnutrição de milhares de crianças já é esperada. De acordo com a ONU (2020), mais de 368,5 milhões de crianças em 143 países dependem da refeição oferecida na escola. No Brasil, o número de alunos que dependem da merenda escolar é imensurável, mas os dados mostram que 14 milhões de crianças, se enquadram nos critérios de pobreza e, possivelmente, em suas casas, a alimentação não é algo garantido neste momento.

Outro fato importante é o aumento do desemprego. O IBGE constatou que as regiões mais afetadas com esse problema foram o Norte e o Nordeste. Devido ao corte de gastos de pequenos e grandes empresários e o fechamento de muitas empresas, milhares de crianças e as suas famílias tornam-se mais expostas à linha de pobreza e de extrema pobreza – já que ficam desprovidas de uma renda fixa e passam a depender exclusivamente dos auxílios do Governo.

 

Como eu posso ajudar a amenizar o problema?

Embora as medidas de isolamento e distanciamento social, higienização das mãos, uso de máscaras e afins, sejam fundamentais, nem todos têm acesso a esses itens. Com isso, podemos ter um papel importante na vida dessas pessoas que estão passando por dificuldades devido à pandemia.

Para isso, o ChildFund Brasil tem agido fortemente para proteger as crianças e as suas famílias. Sabemos que boa parte da população não se preocupa apenas com o risco de contaminação, mas também com a falta de produtos de higiene para assepsia e, principalmente, com a falta de alimentos – já que muitas delas ficaram ou estavam desempregadas e, hoje, não possuem uma renda fixa para garantir todos os produtos necessários.

E para auxiliar as pessoas que têm sofrido constantemente com todas as consequências da Covid-19, criamos uma frente emergencial “Nem vírus, nem fome: compaixão” para levar produtos de higiene e alimentos para que essas famílias possam ficar mais tranquilas.

Embora o momento seja delicado, com a ajuda de muitas pessoas que abraçaram essa frente e fizeram as suas doações, até o momento, já conseguimos entregar  86.781 kits, levando o básico para que possam ter um pouco mais de tranquilidade para enfrentar essa situação.

E você também pode colaborar com a nossa ação! Sua doação é fundamental para que possamos atender todas as famílias e também combater a disseminação do vírus e a fome nas regiões mais vulneráveis de nosso país.  Acesse e saiba como ajudar: https://bit.ly/3fQvF2s

 

Se interessou também pelo assunto? Confira um relatório completo produzido pelo ChildFund Brasil sobre os impactos da pandemia da Covid-19 no Brasil e no mundo. Confira em: https://bit.ly/2ZEM6JW

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ChildFund Brasil

O ChildFund Brasil é uma organização de desenvolvimento social que por meio de uma sólida experiência na elaboração e no monitoramento de programas e projetos sociais mobiliza pessoas para a transformação de vidas. Crianças, adolescentes, jovens, famílias e comunidades em situação de risco social são apoiadas para que possam exercer com plenitude o direito à cidadania.

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