O brincar com crianças é uma das intervenções, dentre tantas, que estabelecem a base do desenvolvimento na primeira infância. Segundo o Unicef, este é o período considerado como uma janela de oportunidades para a saúde, o aprendizado e o bem-estar social e emocional de meninos e meninas.
A neurociência explica que, neste período, o cérebro da criança tem uma grande plasticidade, ou seja, está sempre aprendendo e é sensível às modificações. Só para se ter uma ideia, nos primeiros 1000 dias que correspondem desde a concepção até os 2 anos de idade, as células cerebrais conseguem fazer até 1 milhão de novas conexões neuronais a cada segundo. São essas conexões que formam a base das estruturas que dão sustentação à aprendizagem ao longo da vida.
Por isso é tão importante estimular as crianças nessa fase, oferecendo um ambiente seguro, acolhedor, cheio de afeto e muita interação com os adultos, que são muito importantes para elas. Dentre as estimulações está o brincar que, aliás, é um direito garantido por lei.
Como até os três anos de idade as crianças estão mais tempo em casa do que em qualquer outra idade, os pais ou cuidadores são seus primeiros companheiros de brincadeiras. Essa interação dá uma vantagem inicial no aprendizado de forma lúdica.
Apesar da importância que o brincar tem na vida das crianças, nem sempre ele acontece. Um levantamento feito pela Unicef aponta que 55% das crianças de 3 a 4 anos têm pais que não brincam e nem se envolvem em atividades de aprendizado precoce com elas. O número corresponde a aproximadamente 40 milhões de crianças.
Esta realidade aponta uma necessidade de quebrar barreiras que impeçam que esses homens forneçam a seus bebês e filhos pequenos um ambiente propício para que possam prosperar por meio do amor, brincadeiras, proteção e alimentos nutritivos.
É necessário garantir que mães e pais tenham o tempo, recursos e o conhecimento que precisam para apoiar o desenvolvimento dos filhos pequenos.
Outro desafio que impactou a infância de muitas crianças foi o reflexo da pandemia da Covid-19 no mundo. Estudos apontam que jovens e adultos tiveram o seu psicológico abalado por conta da crise sanitária, porém, as crianças também foram extremamente afetadas devido às restrições de circulação.
O isolamento social – uma das medidas sanitárias recomendadas pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como forma de conter a disseminação do vírus, mostrou uma nova rotina que restringiu o contato social, a frequência escolar e consequentemente, o aumento de acesso às telas.
Enquanto essa nova rotina aproximou algumas famílias, em outras a situação foi ainda mais desafiadora. Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2022, houve uma alta de 21,3% nas denúncias de maus tratos a crianças em relação a 2021. Por ser o elo mais vulnerável da sociedade, a criança é o público que tem maior violação de direitos e depende do outro para ter acesso a eles.
Por isso a necessidade de reforçar a importância do brincar com crianças, afinal, ao mesmo tempo em que o cérebro está em pleno desenvolvimento, ele também está sensível às influências do ambiente. Nesse sentido, as brincadeiras têm um papel fundamental, uma vez que dão a oportunidade para que meninos e meninas vivenciem novas experiências, desenvolvam habilidades e façam descobertas.
A seguir, listamos alguns benefícios proporcionados ao brincar com criança:
O brincar pode contribuir para o estímulo de competências que vão valer para toda a vida desta criança. Ela aprenderá a se comunicar, a solucionar conflitos, trabalhar em equipe, abrir mão das próprias convicções, entre outros aspectos.
O brincar pode ser uma forma de a criança liberar a sua energia para depois poder se concentrar em tarefas que exigem mais atenção. Prender a atenção das crianças com coisas que elas gostam também é uma alternativa, portanto, alguns conteúdos escolares podem ser aplicados de forma divertida, mas que a criança não deixa de aprender.
A brincadeira em si é uma forma de se expressar, tanto verbal quanto corporal. É comum que meninos e meninas projetem seus medos, suas dúvidas e suas ansiedades durante o brincar. Portanto, é uma maneira deles observarem uma visão “de fora” dos seus problemas e então pensar em uma resolução, como também podem ser sinais para que pais e cuidadores auxiliem essas crianças no seu desenvolvimento pleno.
Brinquedos que desafiam as crianças a criar figuras estimulam a criatividade e, geralmente, dão excelentes resultados. Massinha de modelar, peças de Lego e blocos de construção, por exemplo, tornam meninos e meninas criadores das suas próprias brincadeiras, dando vida à sua imaginação.
As brincadeiras têm regras e, com isso, a criança aprende a ter disciplina, ponto essencial para o seu desenvolvimento. O brincar estabelece limites e consequências em caso de descumprimento, desta forma, a criança aprende brincando que é preciso respeitar as regras.
Uma das principais características das brincadeiras é a sociabilização, ou seja, é preciso ter e fazer amigos para brincar. Nessas relações elas aprendem a lidar com o outro e com o próprio sentimento.
O brincar com criança traz felicidade tanto para ela, quanto para nós. É nítida a diferença de uma criança que está brincando com uma que está entediada. A brincadeira é uma das fontes de felicidade de uma criança e jamais deve ficar ausente como forma de punição.
As brincadeiras e suas infinitas possibilidades estimulam o desenvolvimento cognitivo, emocional, psicomotor e até o da linguagem. Brincar de correr, de adivinhar, obedecer, mandar, se juntar e depois se separar são estímulos para o desenvolvimento global da criança em todos os seus aspectos físicos e emocionais.
É brincando que a criança passa a conhecer melhor o seu corpo, seus gostos, afinidades e preferências. Talvez ela vá gostar mais de correr do que brincar de um jogo que desafie a mente, por exemplo. Desta forma, também é uma maneira de a criança se aceitar como ela é, contribuindo para ter mais confiança em si mesma durante a vida adulta.
Aprender a perder, a lidar com as frustrações e aceitar as regras também são benefícios conquistados com o brincar e, com isso, a criança aprende a resignar quando não consegue mudar uma situação. Além disso, é uma forma de estimular a dedicação para que numa próxima oportunidade ela se saia melhor, superando seus limites.
O ChildFund Brasil é uma organização que realiza projetos sociais com crianças e adolescentes há 56 anos em diversas localidades do país, com foco onde há maior predomínio de situações de pobreza e vulnerabilidade social.
A manutenção de projetos sociais é importante para que se cultive essa cultura de criança que realmente brinca. Em todas as comunidades, o ChildFund Brasil atua seguindo um modelo de intervenção social de longo prazo, com foco na Transformação Social Sustentável.
Fortalecendo o território em que a criança está inserida e garantindo que ela tenha seu desenvolvimento pleno. Nesse sentido, apoiamos um estilo de vida mais saudável e a prática do brincar como garantia de uma infância ampla e feliz.
Para destacar a importância do brincar com criança para o desenvolvimento infantil, o ChildFund Brasil em parceria com a The LEGO Foundation lançou o projeto Brinca e Aprende Comigo, que é realizado com crianças do Ceará e de Minas Gerais, por meio de 12 parceiros locais da organização, totalizando 37 municípios. A expectativa é que 12,5 mil crianças de até 8 anos e mais de 6 mil mães, pais e cuidadores sejam impactados.
A parceria do projeto abrange seis países: Brasil, Etiópia, Guatemala, Honduras, México e Uganda e nasceu da visão de que o desenvolvimento infantil tem suma importância na formação das pessoas. Por aqui, o Brinca e Aprende Comigo é realizado com Organizações Sociais Parceiras, que receberam formações sobre o tema para replicar os conteúdos com as famílias e comunidade.
Conheça mais do nosso trabalho para promover uma infância feliz para nossas crianças e adolescentes e saiba como você também pode contribuir.
O ChildFund Brasil é uma organização de desenvolvimento social que por meio de uma sólida experiência na elaboração e no monitoramento de programas e projetos sociais mobiliza pessoas para a transformação de vidas. Crianças, adolescentes, jovens, famílias e comunidades em situação de risco social são apoiadas para que possam exercer com plenitude o direito à cidadania.
